PRAGA-O Chefe do Estado checo já diz que as suas reticências não podem travar a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, afirmando agora contentar-se com 'garantias' semelhantes às que foram dadas aos irlandeses.
Apenas duas entrevistas bastaram para esclarecer o assunto. Na sexta-feira, no Le Figaro, o Chefe do Estado francês considerou inadmissíveis as reticências do homólogo checo ao Tratado de Lisboa - acordado na cimeira europeia que decorreu na capital portuguesa a 18 e 19 de Outubro de 2007. Nicolas Sarkozy garantiu mesmo que até ao final deste ano a questão estará certamente resolvida.
A recusa de Vaclav Klaus em assinar o Tratado de Lisboa "é totalmente inadmissível porque o Parlamento votou a favor e o Governo é favorável à sua ratificação. O Presidente checo não pode querer estar a jogar em dois tabuleiros. A hora da escolha aproxima-se para ele e não sem haver consequências. Em qualquer caso, a questão estará certamente resolvida até ao final deste ano", avisou o Presidente francês.
No sábado, no Lidove Noviny, Vaclav Klaus admitia indirectamente que vai ratificar o Tratado de Lisboa assim que sair a decisão do Tribunal Constitucional sobre o recurso apresentado por senadores checos eurocépticos - esperado entre o final deste mês e o princípio do próximo.
"À velocidade a que as coisas vão, muito depressa, já não é possível parar o tratado nem fazer marcha atrás como muitos de nós gostaríamos de fazer", declarou o Presidente checo, sublinhando mais uma vez que o Tratado de Lisboa não é bom para a "liberdade na Europa". E acrescentou que a sua entrada em vigor "não será o fim da história".
Depois de ter sido acusado de demonstrar um comportamento "irresponsável e perigoso" pelo seu antecessor Vaclav Havel, o chefe do Estado checo resolveu também esclarecer que as suas reticências não encobrem uma vontade de atrasar todo o processo para esperar que o líder dos conservadores britânicos, David Cameron, ganhe as legislativas de 2010. Isto porque ele prometeu revogar a ratificação do tratado e submetê-lo a referendo. "Não posso esperar nem esperarei pelas eleições na Grã-Bretanha".
Klaus explicou ainda que a nota de rodapé que quer incluir não tem que ser ratificada por todos os 27 Estados membros, mas "pode ser algo semelhante ao que foi dado aos irlandeses". O líder checo, eurocéptico, quer ver garantido que os alemães expropriados nos montes Sudetas durante a II Guerra Mundial não vão aparecer a reclamar ao seu país o que perderam, à luz da Carta dos Direitos Fundamentais - a qual passa a ter carácter vinculativo com o Tratado de Lisboa. A República Checa é o único país da UE que ainda não concluiu o processo de ratificação do diploma - que vem introduzir novas regras destinadas a agilizar o processo de decisão institucional num clube com cada vez mais membros.
DN.PT-Por PATRÍCIA VIEGAS
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentar com elegância e com respeito para o próximo.