A "carta verde" americana poderá ter como concorrente directa a "carta azul" europeia.
No próximo dia 23 de Outubro, a Comissão Europeia, o órgão executivo dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE), vai apresentar o projecto de criação de uma nova autorização de residência, para atrair imigrantes mais qualificados.
A ideia partiu do comissário europeu da Justiça, Franco Frattini, para quem a Europa precisa de uma abordagem radical às suas políticas para a imigração de modo a preencher vagas laborais provocadas por uma população em envelhecimento.
Frattini explicou que o seu projecto "permite promover mobilidade às pessoas que querem encontrar trabalho legalmente e ao mesmo tempo promove uma cooperação mais estreita com os países de origem.
Vagas
"O objectivo é estabelecer condições de entrada e residência mais atractivas para os trabalhadores altamente qualificados que vêm para a Europa", especificou.
O comissário acrescentou que, perante o envelhecimento demográfico da União Europeia, "o desafio é atrair os trabalhadores necessários para fazer face a necessidades específicas".
A União Europeia enfrentará graves lacunas de pessoal qualificado durante as próximas duas décadas a menos que consiga atrair mais profissionais do estrangeiro.
Enquanto os Estados Unidos atraem actualmente 55 por cento da mão-de-obra qualificada imigrante dos países em desenvolvimento, a União Europeia atrai apenas cinco por cento e acolhe 85 por cento dos que não têm curso superior.
As propostas do comissário Frattini pretendem reverter estes números.
"Os profissionais admitidos sob estas propostas receberão uma autorização especial de residência para trabalharem e a que nós vamos chamar a Carta Azul de Trabalho Europeu, que lhes conferirá uma série de direitos", anunciou.
À semelhança da carta verde dos Estados Unidos, a carta azul europeia dará ao imigrante o direito de trabalhar num Estado-membro por um período de dois anos, renovável.
Resistência
Após este período, poderá trabalhar em certas condições noutro Estado-membro e acumular estes períodos de residência para obter o estatuto de residente de longa duração.
Em 2006 cerca de quatro por cento da população residente no espaço europeu era composta de imigrantes.
Os números da população activa da EU vão entrar em declínio a partir de 2011 e no ano 2050 um terço da população do bloco terá mais de 65 anos.
As propostas do comissário Frattini, para quem “a Europa precisa de ver a imigração não como uma ameaça mas como fonte de enriquecimento”, deverão enfrentar no próximo dia 23 de Outubro resistência por parte de vários Governos europeus.
Sondagens de opinião sugerem que apenas 40 por cento dos cidadãos europeus acredita que os imigrantes contribuem positivamente para a sociedade.
BBC Em Português para Africa
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentar com elegância e com respeito para o próximo.