quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

CV DIÁSPORA:Carlos Veiga quer Recenseamento sem manipulação dos Cadernos e Eleições sem fraude


LISBOA-O presidente do MpD, Carlos Veiga, defendeu domingo, em Lisboa, em declarações ao Expresso das Ilhas que não pode continuar a haver a manipulação de Cadernos Eleitorais nem sequer fraude eleitoral "descarada" e, segundo ele, muitas vezes, com a conivência e a participação dos consulados e embaixadas. Carlos Veiga falava ao nosso Jornal à margem do programa das celebrações do 13 de Janeiro, organizado pelo MpD-Portugal em que proferiu uma comunicação tendo apresentado as posições do partido e a sua moção de Estratégia com enfoque para a questão da emigração.
Carlos Veiga lançou domingo, na localidade de Carenque, Amadora - Portugal, o primeiro número do novo Boletim de Informação e Propaganda do MpD-Portugal, intitulado "13 de Janeiro". De acordo com os promotores do projecto, a iniciativa, cujo lançamento integrou o programa de actividades de comemoração do Dia da Liberdade e Democracia, visa colmatar a lacuna que existe, a nível da informação partidária, e manter um elo de ligação entre as estruturas do partido e os seus militantes, amigos e simpatizantes do MpD.
Para Carlos Veiga, que falava numa comunicação integrada nas comemorações que assinala o 13 de Janeiro, o surgimento e lançamento do boletim de informação e propaganda do MpD-Portugal "é mais um meio de que o MpD dispõe para comunicar com os seus militantes, simpatizantes e amigos". "Não é por acaso que lhe demos o nome de 13 de Janeiro", disse Carlos Veiga, para indicar que a data "é importante" para Cabo Verde, pois é o dia da democracia e da liberdade.
Carlos Veiga fez saber que informar e comunicar é um dever fundamental para que qualquer partido político possa cumprir o seu papel insubstituível de mediador em Democracia. "Quando se trate de fazer frente à propaganda e desinformação adversária como modo normal de agir, o dever torna-se, também, uma exigência incontornável no combate pela verdade e pela busca de soluções políticas efectivas para os problemas reais das pessoas, que deve ser o cerne e o objectivo fundamental de toda a actividade política", enalteceu na ocasião.
Carlos Veiga vai mais longe e disse que, quando o adversário principal se apropria da comunicação social do Estado para os seus fins e benefício exclusivos, a exigência de informação e comunicação transforma-se em desafio para os partidos que prosseguem o bem comum.
De acordo com aquele líder do maior partido da Oposição, o MpD tem perante si esse desafio, fundamental para os seus objectivos de vitória de 2011 e 2012.
O dirigente máximo do MpD disse ainda que o surgimento do presente boletim da estrita iniciativa do MpD-Portugal, ao lado de iniciativas de outras estruturas partidárias, no país e nas comunidades imigradas, mostra que o partido está vivo, atento e determinado a ganhar a batalha da informação e da comunicação e, de acordo com Carlos Veiga, traduz precisamente a atitude que se impôs.
Emigração
Ao abordar os aspectos da sua Moção de Estratégia ligada à emigração, Carlos Veiga fez saber que existe um quarto capítulo sobre a integração dos emigrantes e considerou esta questão de fundamental, ao lado da criação de uma sociedade equilibrada, ao lado de uma nova política económica e de afirmação de valores fundamentais do partido. "Cremos que a questão da melhor integração possível dos emigrantes é importante para a comunidade cabo-verdiana", frisou, para, de seguida sublinhar, que o MpD entende que estas questões devem ser colocadas sobre a mesa como matéria de Estado e como matéria também de relações Estado a Estado.
Carlos Veiga disse entender ainda que as questões das comunidades devem ser despartidarizadas e colocadas no centro das preocupações da Nação e que, segundo ele, terão de fazer parte da agenda de cooperação do Estado de Cabo Verde com os Estados que cooperam com o arquipélago. "Não será um problema por resolver apenas pelo país de acolhimento. Cabo Verde tem também responsabilidades e interesse em que essas questões de emigração se resolvam de melhor forma possível", disse, para considerar que o Estado de Cabo Verde tem de participar activamente na resolução do problema de integração dos seus emigrantes nos países de acolhimento.
Carlos Veiga indicou ainda que o MpD prevê a criação de um instituto para o investimento do emigrante e disse que o seu partido propõe igualmente que os assuntos da emigração sejam retirados do ministério dos Negócios Estrangeiros e colocados sobre a alçada do primeiro-ministro.
13 de Janeiro
Carlos Veiga considerou o 5 de Julho, dia da Independência Nacional e, o 13 de Janeiro, dia da Democracia e Liberdade, como datas complementares na história de Cabo Verde e sem a consideração das quais não é possível compreender o Cabo Verde de hoje e nega qualquer tentativa de partidarização por parte MpD em relação a qualquer uma dessas passagens importantes para a vida nacional.
Acabou, no entanto, por criticar a atitude daqueles que continuam a partidarizar essas datas afirmando que estes vão cada vez mais ficando para trás.
Reorganização-MpD-Portugal
Carlos Veiga garantiu ao Expresso das Ilhas que vai haver eleições no seio do MpD-Portugal para se criar uma Comissão Política Regional e uma Assembleia Regional. O Líder do MpD fez saber que se trata de novos órgãos saídos da nova Convenção derivado da aprovação dos novos Estatutos. Veiga indicou ainda que a Direcção do MpD vai designar, para breve, uma comissão para preparar estas eleições, desde o recenseamento dos militantes até tudo aquilo que é o normal, num processo de eleição para, no final, se ter uma comissão legitimada pelo voto de todos os militantes do MpD. "Pelo nosso cronograma, nós, antes de meados deste ano, temos de ter as estruturas eleitas ao nível de cada círculo e na emigração a nível de cada Estado", garantiu.
Economia
Por outro lado, Carlos Veiga apresentou, durante a sua comunicação, um balanço negativo da governação de José Maria Neves e do PAICV, alegando que o governo actual falhou em todos os aspectos. Referiu à questão do desemprego, que neste momento, se situa em torno dos 23 por cento, contra as previsões do governo que era abaixo dos 10 por cento, na redução da pobreza em que a taxa é de mais de 27 por cento, ao contrário das previsões que eram também abaixo dos 10 por cento. Carlos Veiga critica o executivo de ter falhado também no crescimento da economia, na segurança, na saúde pública, na educação e ensino.
Veiga abordou ainda os problemas energéticos existentes, do abastecimento de água, do saneamento e do ordenamento do território.
Para Carlos Veiga a solução apresentada pelo MpD passa, em primeiro lugar, pela produção nacional, atracção do investimento estrangeiro e a exportação. Veiga fez saber ainda que o MpD propõe, por outro lado, um sistema de impostos e de taxas baixos e que permitirá de facto o investimento privado.
Recenseamento Eleitoral
Sobre o atraso no Recenseamento Eleitoral, na Emigração, Carlos Veiga, disse que tal se regista pelo facto de ainda não ter havido "fumo branco" nas negociações entre o PAICV, MpD e a UCID. "Não há fumo branco. As negociações estão a decorrer em bom ritmo mas com alguns pontos essenciais ainda bloqueados, designadamente, a questão da Comissão de Recenseamento, a nomeação e a composição dessa Comissão", disse.
Carlos Veiga garantiu que nesta semana haverá ainda novos encontros e, de acordo com as suas perspectivas, a partir de Março o Recenseamento poderá começar.
Veiga disse ainda ter conhecimento da existência de apoios internacionais casos dos Estados Unidos da América, o que, para ele, significa que a Comunidade Internacional está preocupada, como o MpD está em que essas eleições decorram bem, que todos aqueles que sejam eleitores possam estar inscritos, nos Cadernos e possam votar para depois quem ganhar seja reconhecido pela vitória. "Agora, o que não pode é continuar a haver a manipulação de cadernos. Não pode continuar a haver fraude eleitoral descarada e com a conivência e a participação dos consulados e das embaixadas", critica Carlos Veiga, reiterando para sustentar a sua afirmação de que tal aconteceu no passado, garantindo de que pode apresentar prova de tal facto em qualquer altura.
Para Carlos Veiga tal não pode voltar a acontecer na medida em que coloca em causa a própria credibilidade do país. Por fim, aquele dirigente apelou à unidade dos militantes, simpatizantes e amigos do MpD, no sentido de se recensearem e poderem exercer o seu direito de voto e mostrou-se confiante na vitória do MpD, em 2011.
Expresso das Ilhas-Por JAR

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