terça-feira, 26 de janeiro de 2010

CV(EXPRESSO):MpD considera discursos de José Maria Neves "arrogantes e irresponsáveis"


PRAIA-O Movimento para a Democracia (MpD, oposição em Cabo Verde) considerou dia 26(Segunda) "arrogantes e irresponsáveis" os discursos feitos pelo líder do PAICV durante o XII Congresso do partido o poder, realizado este fim-de-semana na Cidade da Praia.
"O que se assistiu no Congresso foi a continuação de um tom arrogante e irresponsável que tenta justificar os falhanços da governação com o passado", acusou o vice-presidente do MpD, Ulisses Correia e Silva, também presidente da Câmara da Cidade da Praia, em conferência de imprensa.
"(José Maria Neves, líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde, PAIGC, é) um falso moralista, que já acusou o maior partido da oposição de coisas tão graves como o roubo de dois milhões de dólares, a ligação ao narcotráfico, e denominou de burros na ladeira", sublinhou o dirigente do MpD, numa reacção ao que se passou no congresso.
Segundo Correia e Silva, o PAICV elabora discursos "que mentem a prática" e "que a prática desmente os discursos", razão pela qual, acusou, o partido de José Maria Neves, de "dupla personalidade".
"O PAICV fala como se fosse o campeão da ética. No entanto, o seu presidente, também primeiro-ministro, não se coíbe de tornar públicas conversas de Estado tidas com o seu antecessor (Carlos Veiga, líder do MpD) durante a passagem da pasta governativa (em 2001). E fê-lo num tom arrogante, descontextualizado e manipulador", denunciou.
Em relação à macroeconomia de Cabo Verde, acrescentou o vice-presidente de Carlos Veiga, o PAICV tem procurado dramatizá-la, atirando as culpas para a governação do MpD durante a década de 90 do século XX, nove anos depois.
"Dramatiza a situação de sanção perante os credores, cria uma ambiente catastrófico para, depois, aparecer como herói da salvação nacional e para justificar com o passado os falhanços da governação", afirmou.
Como exemplos, Correia e Silva falou dos "falhanços" na redução do desemprego para um dígito (está actualmente em 22 por cento, segundo a oposição, 17 por cento segundo o governo), no crescimento da economia, "que está abaixo do seu potencial", e com o aumento do défice orçamental (que se situa consensualmente nos 12 por cento).
"Um governo que falha nestas três variáveis, falha na governação", frisou.
Questionado pela Agência Lusa sobre se estão "abertas as hostilidades" com o PAICV, uma vez que se está em ano pré-eleitoral - as eleições legislativas e presidenciais estão previstas para o início de 2001 -, Correia e Silva torneou a questão, acusando o PAICV de estar em campanha eleitoral desde 2008.
Colocado perante a questão de ser "natural" que, ao fim de oito anos de governação, as obras de infra-estruturas aparecerem concluídas, o vice-presidente do MpD pôs em causa a necessidade de alguns empreendimentos, tendo em conta as necessidades da população, mas não pormenorizou.
Domingo, após o encerramento do congresso, a que assistiu como convidado, o líder parlamentar do MpD, Fernando Elísio Freire, disse que a intervenção final de José Maria Neves "não trouxe novidades" e que "não transmitiu o que acontece, na prática, no país", sobretudo no domínio do acesso à educação e emprego.
"Apresentou uma visão do país que, neste momento, é irrealista e não tem nada a ver com pais real", afirmou o líder parlamentar do MpD, falando de discursos "floreados e que nada têm de palpável".
EXPRESSO DAS ILHAS.CV-POR AR

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