PRAIA-Como vai o Governo actual de Cabo Verde continuar a negociar um acordo de parceria especial com o PPE, um partido que o PAICV considera racista e anti – cabo-verdiano ? Como vai o actual Governo continuar a negociar acordos para financiamento de parte importante do nosso desenvolvimento com governos de países europeus, formados por partidos que o PAICV considera racistas e anti -cabo-verdianos?
Estas perguntas do MpD foram feitas ontem a José Maria Neves no Parlamento pelo Movimento para a Democracia porque, segundo acusaram, o PAICV considera o PPE – família de partidos europeus que preside e detém a maioria no Parlamento Europeu, na Comissão Europeia e no Conselho Europeu e cujos Partidos membros governam na maioria dos países que constituem a União Europeia. Países como Luxemburgo, França, Itália, Alemanha - de racista e anti – negro.
A polémica teve origem no pronunciamento do deputado tambarina, Manuel Monteiro, que disse: “termino com uma inquietação, encarada com algum temor por muitos cabo-verdianos, «di dentu y di fora». um alto representante do cds-pp, partido que luta pela imposição de severas barreiras à emigração em Portugal esteve na convenção do MpD semanas atrás, Carlos Veiga tinha viajado para Alemanha, onde assistiu ao congresso do PPE, Partido Racista e anti-negro, com um discurso, cujas baterias estão todas elas direccionadas à luta contra a emigração. Perante estes factos, caberá a Carlos Veiga explicar como é que um Partido Político, neste caso concreto, o MpD, pode falar, com seriedade, sobre a emigração?”
DECLARAÇÃO POLITICA DO MpD
Cabo Verde viu sempre nas suas boas relações com o mundo uma forma de contribuir para a paz e para a tolerância e uma fonte importante para o financiamento do seu desenvolvimento. Por isso, desde a independência que a nossa diplomacia tem actuado nesse sentido e a nação cabo-verdiana construiu um consenso à volta desta forma de nos relacionarmos no concerto das nações.
E foi assim que um país pequeno e frágil como o nosso afirmou-se no mundo e atingiu um nível de desenvolvimento que lhe granjeou respeito e admiração da comunidade internacional. A nossa relação com a Europa foi também ela alicerçada na confiança que conseguimos construir ao longo dos tempos com todos os Governantes Europeus, independente dos partidos ou família a que pertenciam.
Aliás, o recente processo de construção de uma parceria especial com a União Europeia contou com o envolvimento de vários desses governantes mas especialmente de um, o deputado no Parlamento Europeu Ribeiro e Castro, na altura Presidente do CDS-PP de Portugal, partido de que continua a ser dirigente. É claro que, a par dos apoios que recebemos, essa parceria e outras só são possíveis porque a nossa diplomacia tem sido dirigida executada, de forma coerente com o consenso atrás mencionado. E faço essa introdução porque parece que o consenso em causa, construído ao longo dos anos, está sendo posto em causa com discursos irresponsáveis, intolerantes, feitos em defesa de interesses pouco claros.
O último caso é do deputado Manuel Monteiro que num artigo publicado na edição de 17 de Dezembro do ano findo, do jornal electrónico FORCV, afirma e citamos: “Termino com uma inquietação, encarada com algum temor por muitos caboverdianos, «di dentu y di fora». um alto representante do cds-pp, partido que luta pela imposição de severas barreiras à emigração em portugal esteve na convenção do MpD semanas atrás, Carlos Veiga tinha viajado para Alemanha, onde assistiu ao congresso do PPE, Partido Racista e anti-negro, com um discurso, cujas baterias estão todas elas direccionadas à luta contra a emigração. Perante estes factos, caberá a Carlos Veiga explicar como é que um Partido Político, neste caso concreto, o MpD, pode falar, com seriedade, sobre a emigração?” – fim de citação.
Lembramos que este PPE, denominado de racista e anti - negro pelo deputado em causa é o mesmo que preside e detém a maioria no Parlamento Europeu, na Comissão Europeia e no Conselho Europeu e cujos Partidos membros governam na maioria dos países que constituem a União Europeia. Países como Luxemburgo, França, Italia, Alemanha, com uma forte comunidade cabo-verdiana e excelentes relações com Cabo Verde, de há muito, são governados por Partidos da família do PPE. É com dirigentes do PPE que Cabo Verde iniciou e está construindo a Parceria Especial com a União Europeia, com o apoio expresso de todos os países governados por Partidos filiados no PPE.
Consideramos por isso que as declarações do Deputado Manuel Monteiro são despropositadas e condenáveis a todos os títulos. Resulta claro que o objectivo do artigo é atacar o MpD e o seu Presidente. Aceita-se!
Só que o mesmo acaba por atacar também Partidos e Governos amigos de Cabo Verde; governantes de países aonde temos grandes comunidades emigradas que necessitam destes governantes para a criação de um ambiente descomprimido para viverem e se integrarem socialmente; governantes de países que nos ajudam no nosso processo de desenvolvimento. E isto é institucionalmente ilegítimo.
Concluímos pois que razões de índole partidária ditaram este discurso, lesivo aos interesses de Cabo Verde e dos cabo-verdianos «di dentu y di fora», no curto e no médio prazos. Aliás, o senhor Deputado Manuel Monteiro, no artigo em questão fez outras afirmações que vemos repetidas por outros dirigentes do Paicv e que vimos o Doutor José Maria Neves reafirmar no congresso do partido, que terminou no domingo passado, no quadro de uma clara estratégia que pretende acabar com o pluralismo em Cabo Verde e que vê o Paicv como um partido hegemónico e totalitário e a oposição como mero adereço cordato para inglês ver. Claro que o Paicv está completamente enganado e fora da realidade do país. Mas isso, veremos em 2011.
Em todo o caso, é legitimo concluir que a posição do Senhor Deputado Manuel Monteiro não é apenas a sua posição pessoal mas sim a posição do Paicv e do seu Presidente. Por isso, é legítimo também pôr as seguintes questões ao Senhor Primeiro-ministro, Doutor José Maria Neves:
1. Como vai o Governo actual de Cabo Verde continuar a negociar um acordo de parceria especial, que o MpD classifica de importante e fundamental para Cabo Verde, com um partido que o Paicv considera racista e anti – caboverdiano ?
2. Como vai o actual Governo continuar a negociar acordos para financiamento de parte importante do nosso desenvolvimento com governos de países europeus, formados por partidos que o Paicv considera racistas e anti -caboverdianos?
Em defesa dos interesses do país impõe-se, que o senhor Primeiro-ministro esclareça o país rapidamente.
Muito obrigado!
LIBERAL.SAPO.CV
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