A morte de Vadú enluta todo o Cabo Verde. Apesar do estado do mar as buscas que se iniciaram terça-feira continuaram durante todo o dia de quarta, com os mergulhadores, apoiados pela Guarda-Costeira, a conseguirem recuperar o gorro e a mochila de Vadú, contendo documentos seus.
Mas o pessimismo que se vive é total, já que, de acordo com a população, o mar não tem por hábito devolver corpos de vítimas de acidentes no local. O máximo que o mar permitiu até agora foi vislumbrar parte do camião acidentado, durante os períodos de maré vazia.
Dentro e fora do país, a consternação é geral, com amigos, colegas músicos e admiradores de vadú em estado de choque pelo sucedido.
Aqui ficam alguns depoimentos recolhidos pelo SAPO CV.
Gilyto
O cantor radicado em Portugal e da mesma geração de Vadú revelou a sua consternação ao saber da notícia, afirmando no entanto que espera que não tenha acontecido realmente o pior.
Mas a confirmar-se a morte de Vadú “é uma grande perda para a música cabo-verdiana, que fica sem uma peça importantíssima do nosso puzzle musical, que estava na divulgação e promoção da cultura cabo-verdiana pelo mundo”, lamenta Gilyto.
“Vadú era um jovem promissor e dou as minhas forças à família nesta hora de dor e incerteza”.
Nancy Vieira
“Lembro-me de estar em Cabo Verde com o músico Rolando, que na altura fazia parte da minha banda, Vadú estava connosco e foi quando ouvi pela primeira vez a música Lus, que eu viria a gravar e seria o título do meu último CD; daí já se pode imaginar a minha tristeza. Estou incrédula ainda, mas enquanto não aparecer o corpo, apesar de não ser crente, espero um milagre.”
Ana Zé Charrua (Agência Tumbao, Lisboa)
“Estou destroçada! Estava mesmo agora a falar ao telefone com o Djô (empresário José da Silva, na Lusáfrica)... estamos todos à espera de um milagre!”
Paló
“Vadú foi um dos cantores que vi nascer. Lembro-me que na altura era o responsável pela animação do Quintal da Música e tínhamos o Vadú às quartas-feiras. Depois, chegámos a partilhar o palco em Lisboa, no B. Leza. Recebi a notícia da sua morte com espanto, não estava à espera... dá até que pensar, a quantidade de artistas nossos que estão a desaparecer, dá que pensar...”
Tcheka
“Estou muito sentido com a perda deste colega e amigo. Vadú era uma pessoa que gostava de música e estudava-a. Além de artista era um grande amigo, uma grande pessoa, cheia de alegria e isso é uma grande perda.”
Arlindo (Cordas do Sol)
Estamos muito sentidos com a perda de Vadú, grande amigo do “Cordas do Sol”. Actuamos juntos no dia 31 de Dezembro em Pedracin Village, onde deve ter sido a última actuação de Vadú em grupo. Era uma pessoa muito alegre e comunicativa, um compositor espontâneo que adorava as montanhas de Santo Antão, homenageando Ribeira Grande no último CD com a música “Fazem sabi”.
Era cabeça de cartaz para as comemorações do município da Ribeira Grande no dia quinze e já tinha anunciado a apresentação de composições sobre Ponta do Sol e sobre os pescadores.
Vadú transmitia muita emoção, era uma pessoa livre, um grande compositor e, a sua morte é uma grande perda.
Kim Alves
“Estou extremamente triste, é uma coisa que ninguém esperava, mais uma perda na cultura cabo-verdiana; Vadú era um bom intérprete do seu estilo, pessoa muito amiga, e já se sabe que para nós os músicos são como uma segunda família. Éramos muito amigos, tocámos juntos várias vezes, ao vivo e em estúdio, e tocava sempre com muita alma.”
Eduíno ( Ferro Gaita)
“ É um grande amigo, crescemos juntos e somos amigos de todas as horas.” (Eduino fala de Vadú no presente afirmando que aguarda o desfecho de tudo e ainda tem esperanças porque senão é uma perda muito dura)
Percurso demasiado curto
Vadú nasceu na Praia em 1977, e era sobrinho de Zézé e Zeca Nha Reinalda , dois grandes nomes da cena musical de Santiago.
Em 1990 estudou em Cuba durante 3 anos. Em 2002 participou no projecto Ayan, que reuniu jovens da chamada “Geração Pantera”. Vadú gravou o seu primeiro CD “Nha Raís”, em 2004, com a participação de reputados músicos de Cabo Verde.
Debruçado nas suas raízes com base nos ritmos.
Em “Dixi Rubêra”, o seu último CD, de 2007, continuou na mesma senda dos ritmos populares e estilos do interior de Santiago – Batuco, Tabanka e o Funaná, evidenciando as dificuldades da juventude vivida num ambiente urbano duro, um alerta para as prioridades sociais e culturais do país.
SAPO.CV
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