PRAIA-O XII Congresso do PAICV, que começa amanhã na Cidade da Praia, deixa de fora a escolha do candidato que o partido apoiará nas eleições presidenciais do início de 2011.
Segundo Armindo Maurício, secretário-geral adjunto do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder desde 2001), os 475 delegados ao conclave vão apreciar e votar a Moção de Estratégia apresentada pelo reeleito líder, José Maria Neves, que tem como pano de fundo porém os embates eleitorais de 2011 - além das presidenciais serão realizadas legislativas.
José Maria Neves, igualmente primeiro-ministro de Cabo Verde desde 2001, apresentou em Setembro último a Moção de Estratégia, assumindo-se de novo como candidato à sua sucessão, quer na liderança do PAICV, cargo que conquistou em Outubro, quer na chefia do Executivo. Na ocasião o líder do PAICV recusou sempre falar das presidenciais, alegando que o assunto só será resolvido ao longo de 2010, mas sem fazer referência às intenções de quatro personalidades do partido que já manifestaram publicamente a intenção de solicitar o apoio da força política no poder.
O actual presidente do Parlamento, Aristides Lima, o ministro do Estado e das Infra-Estruturas, Manuel Inocêncio de Sousa, o deputado David Hopffer Almada e o "histórico" Silvino da Luz têm sido motivos de "divisão" entre os dirigentes do PAICV, embora não se ponha de parte a possibilidade de o próprio José Maria Neves entrar na corrida às presidenciais.
A votação para a sucessão de Pedro Pires na chefia do Estado ocorrerá depois das legislativas e, caso o PAICV seja derrotado pelo Movimento para a Democracia (MpD, maior força da oposição cabo-verdiana), há quem admita que José Maria Neves poderia avançar, tema que é desdramatizado pelo próprio líder. "Sou assumidamente candidato a primeiro-ministro e não às presidenciais. Não vou mentir ao povo cabo-verdiano", disse em Setembro José Maria Neves, referindo que não dará qualquer apoio a nenhum dos candidatos em liça - disse que funcionará como "árbitro" -, defendendo que a existência de quatro nomes "revela a riqueza e diversidade do partido".
Segundo Armindo Maurício o Congresso não tem poderes para escolher o candidato às presidenciais, tarefa que cabe, segundo os estatutos, exclusivamente ao Conselho Nacional.
O "documento-base" a analisar no Congresso, que tem como lema "Juntos Construímos o Futuro", é justamente a Moção de Estratégia apresentada por José Maria Neves quando foi reeleito (através, pela primeira vez, de eleições directas - foi o único candidato -), de forma a preparar o partido para os próximos embates eleitorais - junte-se as autárquicas de 2012.
Entre os temas prioritários do partido para a próxima legislatura José Maria Neves pretende consolidar os ganhos dos investimentos nos sectores sociais e nas infra-estruturas, com um programa económico "ambicioso", depois de Cabo Verde ter sido atingido, com algum impacto negativo, pela crise financeira internacional em 2009.
José Maria Neves já conhece de antemão o seu adversário às legislativas de 2011, o seu homólogo do MpD, Carlos Veiga, antigo primeiro-ministro (1991/2000) que também garantiu já que não será candidato às presidenciais.
Armindo Maurício disse ainda à agência Lusa que o congresso do PAICV contará com a presença de várias delegações estrangeiras, nomeadamente do PS (Portugal), PT (Brasil), MPLA (Angola), PAIGC (Guiné-Bissau), MLSTP (São Tomé e Príncipe) e dos partidos socialistas do Senegal e Costa do Marfim. A FRELIMO (Moçambique) foi convidada mas ainda não confirmou a presença.
OJE/Lusa
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