sexta-feira, 9 de outubro de 2009
CV:João de Deus pondera abandonar selecção por salários em atraso
PRAIA-O seleccionador de Cabo Verde, o português João de Deus, está há quase um ano sem receber salário, pelo que pondera abandonar o comando técnico da equipa no final deste mês, noticia hoje a imprensa cabo-verdiana.
Segundo a Rádio de Cabo Verde (RCV) e o jornal Expresso das Ilhas, o técnico português, que se escusou a falar sobre o assunto à Agência Lusa, não recebe o salário desde Novembro de 2008, sete meses após ter substituído o brasileiro Ricardo Cordeiro.
João de Deus foi contratado pela Federação Cabo-Verdiana de Futebol (FCF) para liderar a selecção em Abril de 2008, altura em que foi igualmente assinado com uma empresa local, a GDP, um acordo que garantia o vencimento mensal ao treinador português durante a vigência da primeira fase do projecto “Cabo Verde 2008/14”.
“Nos primeiros meses, o processo decorreu normalmente, mas, a partir do mês de Novembro do ano passado, as coisas complicaram-se, porque o patrocinador deixou de colocar a verba estipulada na conta da FCF, nos termos do acordo firmado entre as partes”, revelou hoje o Expresso das Ilhas, adiantando que a dívida ascende a cerca de 10 milhões de escudos (cerca de 90,6 mil euros).
Contactado pela RCV, o presidente do Conselho de Administração do GDP, Gualberto do Rosário, garantiu que a sua empresa vai regularizar a situação do patrocínio para o financiamento do salário da equipa técnica da selecção nacional de futebol já no próximo mês de Novembro.
Gualberto do Rosário justifica o atraso nos desembolsos com o momento financeiro que a GDP está a atravessar.
O acordo previa o desembolso anual de 8 400 milhões de escudos (76 000 euros) à FCF para custear os encargos com a equipa técnica.
"Tendo em conta um negócio que fizemos e que tem um prazo para ser efectivado, comunicamos à FCF que não estaríamos em condições de fazer os pagamentos neste momento, mas não suspendemos o compromisso do patrocínio que se mantém”, esclareceu o antigo primeiro-ministro cabo-verdiano (2000/2001).
Gualberto do Rosário adiantou ainda ter sugerido à FCF para abordar o Ministério das Finanças cabo-verdiano no sentido e a ajudar a resolver o problema.
“Entendemos que o Estado, neste caso, deveria ter o dever de cobrir este período de tempo em que não vamos poder fazer esses desembolsos, uma vez que se trata da equipa nacional de futebol", argumentou.
Gualberto do Rosário referiu ainda que a partir de Novembro, a GDP estará em condições de regularizar o compromisso assumido com a FCF.
Contactado pela Lusa, o presidente da FCF, Mário Semedo, escusou-se a comentar a situação, remetendo uma reacção “para a próxima semana”.
Antes de assumir o cargo, João de Deus elaborou o projecto "Cabo Verde 2008/14", que estabelece todo o calendário e metodologia com vista a preparar a selecção para uma presença inédita na fase final da Taça das Nações Africanas (CAN) e levar o país também à fase final do Mundial de 2014, a realizar no Brasil.
O técnico português organizou a direcção técnica nacional, realizou cursos de treinadores de nível zero em vários pontos do país, promoveu o primeiro curso de licença sob a égide da Confederação Africana de Futebol (CAF), criou o banco de dados do futebol cabo-verdiano e organizou os estágios aquisitivos na categoria de sub-18, cujos resultados desportivos têm sido positivos.
Por outro lado, João de Deus desenvolveu um modelo de jogo para as selecções e elaborou um projecto para tornar mais competitivo o futebol cabo-verdiano, tendo, ao longo dos 13 jogos à frente da selecção cabo-verdiana, vencido sete, perdido três e empatado outros três.
Enquanto seleccionador cabo-verdiano, João de Deus falhou a qualificação da selecção de Cabo Verde de para o CAN, que se realiza em Janeiro próximo em Angola, num grupo em que contava também com as selecções da Tanzânia, Ilhas Maurícias e Camarões, terminando, porém, o grupo no segundo posto.
OJOGO.PT
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentar com elegância e com respeito para o próximo.