terça-feira, 20 de outubro de 2009

EXPRESSO DAS ILHAS ENTREVISTA O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DA PRAIA(2.ª PARTE)


PRAIA: presidente explica como orçamento será aplicado (2.ª parte)

Na segunda parte desta entrevista, o edil da capital, Ulisses Correia e Silva adianta alguns projectos que serão contemplados no quadro do orçamento municipal, recentemente aprovado pela Assembleia Municipal da Praia. A nível do ambiente, garante o autarca, um "grande esforço" está a ser feito visando um projecto de gestão de resíduos sólidos. A União Europeia deverá financiar o referido projecto.
O quê que este orçamento permite realizar no decurso do próximo ano?
A primeira prioridade do plano de actividades e do orçamento para o próximo ano, é a requalificação urbana e habitação. Vamos investir 544 mil contos. A requalificação do Plateau vai avançar com a pedonalização da rua 5 de Julho que será transformada num espaço de lazer, comércio e cultura, com a reabilitação dos passeios, reabilitação dos miradouros de Diogo Gomes e da zona de Ténis e com a reabilitação da praça Alexandre Albuquerque e a praça Infantil.
E os restantes bairros?
Vamos fazer intervenções de requalificação em calcetamentos e acessibilidades em Monte Vermelho, "Inferno", Bela Vista, Tira Chapéu, Achadinha, Várzea Cima, Achada Mato, Pensamento, Eugénio Lima, Calabaceira, S. Pedro, Achada Grande Trás, Safende, Castelão, Monteagarra, Ponta D' água e Achadinha Pires. O programa de promoção e incentivo aos acabamentos e pintura de fachadas de casas vai avançar com a prioridade para as situadas em encostas. Em Achada Grande Frente vai ser reabilitada a estrada principal. Também temos no orçamento a construção da estrada para S. Tomé.
Anunciou intervenções em Achada Santo António. Quais são?
Vamos construir a tão esperada "subida da Bomba", requalificar miradouros, o largo Eusébio, o largo do Poeta, para além de outras intervenções que começarão ainda este ano.
Anunciou também a requalificação das encostas de Vila Nova, Achadinha, Fonton e Cobon. Constam do orçamento?
Constam. São intervenções integradas a nível de drenagem de águas pluviais, reabilitação urbana, habitação e acesso a bens básicos como a água, esgoto e electricidade, espaços verdes e saneamento. O projecto para Vila Nova foi aprovado durante a Assembleia da AIMF em que participei há dias, em Paris, e vai contar também com o financiamento do Luxemburgo. Esperamos que o Governo também participe no financiamento desse projecto. Apresentei já ao Governo para co-financiamento, os projectos de Achadinha, Cobom e Fontom.
E a requalificação das ribeiras, irá avançar?
Já estamos a requalificar. Veja as intervenções na ribeira de Safende. Vamos fazer dois tipos de intervenções nas ribeiras: uma para melhorar a drenagem das águas das chuvas e outra para que a ribeira deixe de ser vista e usada como depósito de lixo e de dejectos. É ao longo da ribeira que vamos iniciar ainda este ano a construção de uma linda praça e espaço livre na zona de Calabaceira, vamos construir uma passadeira aérea para Safende e uma praça na ribeira do Paiol.
A nível do ambiente e saneamento o que é que está previsto no plano de actividades e no orçamento?
Estamos a fazer um grande esforço para que o projecto de gestão de resíduos sólidos financiado pela União Europeia avance e seja implementado. É a nossa grande prioridade para dar resposta estrutural ao problema do lixo, através da criação de uma empresa intermunicipal a nível das autarquias de Santiago. Já aprovámos o regulamento, a empresa intermunicipal vai ser criada nos próximos dias e estamos a negociar com a Electra um contrato de prestação de serviços para a cobrança das taxas de recolha de lixo.
Que outras intervenções estão previstas no ambiente e saneamento?
Vamos investir 13 mil contos no acesso à água e esgoto, 51 mil contos na construção de sanitários públicos, reabilitar e pôr a funcionar o matadouro municipal, reabilitar o cemitério da Várzea e construir um novo cemitério, continuar e reforçar intervenções de criação de espaços verdes e implementar um forte programa de educação ambiental. Posso avançar-lhe também que vamos investir 15 mil contos para o uso de energia solar na iluminação pública de praças, praias de mar e alguns pontos críticos de determinados bairros.
O comportamento das pessoas não ajuda na luta por uma cidade organizada, limpa e bonita. O que é que a Câmara pretende fazer?
Vou contar-lhe uma confidência. Num dos encontros que tive com o senhor Presidente da República, falando a propósito da questão comportamental, ele contou-me que, na década de 80, quando foi colocada iluminação na pista do aeroporto, alguém resolveu roubar as lâmpadas. Hoje, não passa pela cabeça de ninguém que tal coisa possa acontecer. É uma lição. Isto quer dizer que é possível mudar o comportamento e a atitude das pessoas perante a sua cidade. Quero acelerar esse processo porque é super prioritário, através de um discurso e actuação que responsabiliza as pessoas, através de intervenções da Câmara que produzam efeitos demonstração e que faça as pessoas acreditarem que é possível e desejável mudar, através da educação ambiental e informação cívica e por meio da autoridade municipal para fazer cumprir as normas e as regras da postura municipal.
Na área cultural e social o que é que o plano de actividades e o orçamento contemplam?
A nossa agenda cultural vai continuar em força. No próximo mês de Novembro promovemos dois grandes eventos de dimensão internacional: a VII Bienal Internacional de Dança do Ceará e o espectáculo musical Solo Brasil.
Para o próximo ano, continuaremos e com mais qualidade, os programas que já marcam a agenda cultural da cidade: o carnaval, a semana da poesia, da árvore e do teatro, a kriol jazz festival, o festival da Gamboa, o festival Panda, um programa de descoberta de novos talentos e a realização da gala da cultura. Vamos apoiar os grupos culturais, publicações literárias e musicais e as festividades religiosas e populares dos diversos bairros.
E no domínio social?
Destaco o início da implementação do Plano Municipal de Equidade, Igualdade e Género elaborado este ano, a institucionalização do dia Municipal do Imigrante que iremos comemorar no próximo ano a 18 de Dezembro, a promoção da economia solidária, o apoio no pagamento de propinas a crianças filhas de pais carenciados para a frequência de jardins de infância, para além da continuação dos apoios ao transporte escolar a mais de cem crianças pobres da escola Miraflores.
No plano de actividades e no orçamento da Câmara para 2010 como é que a juventude é tratada?
Continuaremos a implementar programas que iniciámos este ano como o Verão 2010 e a promoção do associativismo juvenil. Aprovámos já um regulamento de apoio municipal à formação profissional que irá criar também oportunidades de emprego. Inscrevemos, para o próximo ano, catorze mil contos para a formação profissional. Continuaremos com o apoio à formação superior dirigido a alunos carenciados.
No ano lectivo 2008/2009, setenta e nove alunos foram beneficiados. Pagamos só em propinas 10.650 contos. Para o ano lectivo 2009/2010, mais 25 alunos irão ser contemplados. Mas temos também projectos na área do desporto dirigidos aos jovens, que vão desde a construção e beneficiação de polivalentes e placas desportivas, a apoios a associações e clubes não federados. A realização do campeonato de futebol deve-se em grande medida à nossa intervenção arcando com os custos do estádio da Várzea e com o pagamento dos próprios árbitros. Mas apoiamos também outras modalidades como o basket, desportos de praia, judo, karaté. No próximo ano vamos construir um parque radical e espero desbloquear junto do nosso parceiro, o município de Oeiras, o projecto de remodelação e iluminação do estádio da Várzea.
O Plano de Actividades, naturalmente, está em sintonia com este orçamento. A oposição fala num "plano ambicioso". Tem esta mesma percepção?
A minha ambição é ter maior orçamento para a Praia. Há opções e intervenções para a capital do país que não devem ser adiadas. Infelizmente dependemos muito do Governo para a obtenção dos recursos, quer dos impostos que pagamos, quer da ajuda e da dívida externa que também todos pagamos. Não podemos continuar com este modelo de estar dependente da boa vontade do Governo. Quando está bom disposto, apoia; quando não está, não apoia, inventa dificuldades ou engaveta dossiers e projectos.
EXPRESSODASILHAS.SAPO.CV

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