“O mundo reconheceu que chegou a hora do Brasil”, exultou o Presidente brasileiro, depois de Jacques Rogge, presidente do COI, ter anunciado o triunfo do Rio de Janeiro. “Essa vitória é uma retribuição a um povo que, muitas vezes, só aparece [de forma negativa] na imprensa e nas páginas dos jornais. Os que pensam que o Brasil não tem condições de receber os Jogos vão surpreender-se”, prometeu Lula, o grande vencedor da batalha diplomática e política em que se transformou esta eleição.
Depois das derrotas nas corridas aos Jogos de 2004 e 2012, o Rio de Janeiro dissipou, finalmente, os receios dos membros do COI, também graças à pujança daquela que o Banco Mundial prevê ser a quinta maior economia do planeta em 2016.
Lula repetiu até à exaustão que das dez maiores economias mundiais só o Brasil nunca tinha organizado os Jogos. E apelou ao coração dos votantes: “Para os outros países candidatos, será mais uma edição. Para nós, será a oportunidade de construir um novo Brasil.”
O “efeito Obama” falhou
Joseph Blatter, presidente da FIFA e também membro do COI, confessou-se arrepiado com a apresentação brasileira, em que não faltaram os elogios à alegria e cultura do país, à beleza natural do Rio e à prometida renovação da “Cidade Maravilhosa”, um dos trunfos da candidatura carioca.
Também assim se explica o fracasso do “efeito Obama”. O Presidente norte-americano envolveu-se directamente na recta final da candidatura de Chicago, realizando uma viagem-relâmpago a Copenhaga. Mas não resultou. A cidade norte-americana foi excluída logo na primeira volta, algo que até ajudou o Rio, que contou nas rondas seguintes com os votos dos apoiantes iniciais dos norte-americanos.
Lula chorou
Tal como Pequim 2008 marcou mais um ponto na afirmação internacional da China, os Jogos de 2016 são mais um passo na ascensão do Brasil, um país que obteve a “cidadania internacional” e é agora de primeira classe, como salientou Lula da Silva. No espaço de dois anos, os brasileiros organizam os dois mais importantes eventos desportivos do mundo, já que em 2014 acolherão o Mundial de futebol.
A importância do momento emocionou Lula da Silva, que chorou na conferência de imprensa após o anúncio oficial. Mal Jacques Rogge revelou o vencedor, sucederam-se os abraços e as lágrimas na comitiva carioca. Mas tal como se espera um ambiente especial nos Jogos de 2016, também os festejos em Copenhaga tiveram imediatamente um toque brasileiro. A canção Cidade Maravilhosa, criada por André Filho em 1934 e que se transformou num verdadeiro hino dos cariocas, não parou de ser cantada, até mesmo quando, ao final da tarde, foi assinado o contrato entre o COI e a candidatura do Rio.
Os festejos na Dinamarca foram apenas uma pequena amostra do que se passou na praia de Copacabana, onde alguns dos 6,1 milhões de cariocas se juntaram para ouvir a boa notícia. E se normalmente as entidades organizadores apelidam os “seus” Jogos como os melhores de sempre, o Brasil está apostado em que os Jogos de 2016 sejam os mais maravilhosos de sempre.
PUBLICO.PT-Por Hugo Daniel Sousa
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